terça-feira, 10 de julho de 2012

sábado, 23 de junho de 2012

Reflexão

A vida, uma das coisas mais raras de se encontrar hoje em dia, não porque não existam pessoas vivas, mas sim por quase não existirem mais as que vivem.

O pensamento, ponte tão sólida de uma mente, entretanto não tão usada, talvez por isso exista confusão por causa de tanta ignorância e a mesma aumente a confusão, porque é mais fácil aceitar o que lhe foi dado.

O amor, um dom tão inútil que nos foi dado e tão complexo de ser usado, que as pessoas o deixam de lado, talvez por comodidade, talvez por não saber, por isso nos foi dado.

A liberdade, uma utopia idealizada pelos primeiros, que não souberam ser livres enquanto podiam, e talvez o sonho tenha perdurado, justamente por nesses tempos ser impossível.

A ideologia, suas certezas baseadas em conceitos, por isso às vezes nossas certezas são incertezas do outro, e assim a discussão vive um ciclo de tantas opiniões, o que nos proporciona uma diversidade quase que interminável, por isso deveria ser tão fácil aceitar o diferente, porém o diferente em meio tanta diferença se torna abominável.

O talvez, talvez o hábito mais frequente, talvez por existir talvez em quase tudo, e talvez a nossa confusão se dê, por talvez não existir em tudo e também não existir em tudo, por isso hoje exista tanto talvez onde devem haver certezas e não existirem talvez onde o talvez deveria existir.



João Pedro Gomes

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Criação

Como a luz do sol,
Que muda as cores do mar
Como a noite fria,
Que apaga as estrelas do céu,
Como uma flor,
Que desabrocha e nos perfuma
Vejo tudo certo e certo
Tudo criado por Deus.

Como um blusão,
Que compro em qualquer loja
Como a destruição de Hiroshima,
Por uma bomba
Como a guerra nuclear,
Que irá nos destruir
Vejo tudo errado e errado
Tudo criado pelo Homem

Como a destruição da natureza,
Que acaba com o nosso verde,
Como a água poluída,
Que mata com nossos peixes
Como as pessoas mórbidas,
Que habitam a face da terra
Vejo tudo errado e errado
Tudo criado pelo Homem

Como a luz do sol,
Que muda as cores do mar
Como a guerra nuclear,
Que irá nos destruir,
Como a destruição da natureza,
E a água poluída
Vejo tudo certo e errado
O Homem criado por Deus.



João Pedro Gomes 

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Relatos de um moribundo

Estou morrendo, estamos sim. Não parecemos mais sóbrios, aliás ninguém por aqui está. Todos dormem agora, menos eu, atormentado pela minha insônia, não consigo pregar os olhos. Não tenho sono, mas me encontro tão cansado que meu corpo não tem forças o suficiente para segurar minhas pálpebras, elas vão se fechando vagarosamente, tão devagar com o escoar das areias de uma ampulheta, ao mesmo passo que minha agonia se assemelha de um impaciente que se vê ansioso para o fim do escoar das areias dessa mesma ampulheta.

Fecho os olhos.

Acabo por atingir o auge do cansaço, meu corpo está todo dormente, sinto choques de pequena voltagem em minhas extremidades, me encontro em um êxtase, semelhante àquele momento em que acabamos de confrontar nossos corpos um no outro, em uma noite repleta de sexo e amor, e após a última gota de vida que vem de mim, e é depositada em você, nossos corpos suados, melados, caem na cama e ali ficam inertes, sem ação ou reação alguma.

Estou me sentindo exatamente assim.

Meu corpo escravizado, imobilizado, inerte, flagelado, aparentemente sem vida, mas só aparentemente, se encontra isolado, sem amor, sem calor, sem liberdade, se podemos chamar isso que nos dão de liberdade, se torna agora a prisão da minha mente.

Preso.

Mas sinto que não fui privado da melhor das liberdades que um ser humano pode conhecer, aquela qual apenas a loucura pode nos tirar ou nos prover, a única liberdade que podemos chamar de genuína, àquela que está dentro de mim, dentro de cada um de nós.

Penso ...

Penso, logo existo.

Existo, logo morro.

E o meu corpo que já está começando apodrecer, me traz ainda mais certeza de que estou morrendo, não estou preocupado, estou meio feliz, a nunca coisa boa que deixo de contribuição para o mundo é a minha poesia, o resto é lixo, deixo também minhas lágrimas pelas lágrimas de meus parentes, isso se houverem lágrimas , isso se houverem parentes presentes. Mas por enquanto quero viver feliz, no mundo que eu mesmo criei dentro da minha cabeça.

Esquizofrenia, não ?

Risos

Milhões de gargalhadas invadem meu pensamento, perco minha concentração, parece um pesadelo, aqueles em que o palhaço é o vilão e esfaqueia a vítima dando várias gargalhadas. Será que esse é o meu mundo ? Um mundo de assasinos que matam pessoas rindo. Não quero me preocupar com isso, só quero viver meus últimos instantes.O leitor deve está se perguntando, quanto individualismo. Meu corpo, meu mundo, meus instantes, meu, meu, meu.

Mas no final tudo é nosso.

Enquanto perco tudo, o prejuízo maior é nosso. Quando perdemos mais um irmão aqui, nossa mãe, Gaia, perde um pouco de seu fôlego, como uma mãe que ao perder um de seus filhos, mesmo que tenha muitos outros, aquele faz falta, provoca um vazio inocupável, que nenhum dos outros filhos irão preencher. E assim é com Gaia.

E só de imaginar esse vazio fico assombrado.

Mas a minha morte será para meu alívio, nunca será pra fazer mal à alguém.

Sinto um comprimido descendo em minha garganta.

Talvez seja alguém tentando me ressuscitar com um desses comprimidos produzido pelas megaempresas que só querem lucrar com a doença dos outros. O Lucro que se torna o principal vício das pessoas desse mundo que eu desejo abandonar, um mundo de pessoas que fazem de tudo, passam por cima de tudo e todos sem nenhum respeito, esquecem até da natureza, essa que ultimamente tem dado revertério, apenas revidando o que nós fizemos com ela, nos mostrando o seu desprezo e o quão insignificantes somos, mas eles estão apenas preocupados em encher suas contas bancárias, para no fim morrerem sem levarem dinheiro nenhum dessa terra.

Meu corpo tem um espasmo.

Acho que são eles na tentativa vã de me ranimarem, não entedem eles que eu preciso conhecer a morte. Quais são os mistérios que a cercam? É o fim o ou apenas o começo? Um recomeço talvez ? Encontrarei meus avós ? Serei absolvido pelas leis divinas ? Mesmo na minha existência tão imperfeita e errônea?

Essas perguntas que me cercam, me fazem enlouquecer.

Que prazer, que tesão, que êxtase me dão essa loucura. Parece tão real, quando o que eu quero acreditar, quanto a minha fé. Queria ter a descoberto durante a vida e não na minha preparação para a morte...

Outro espasmo me vem.

Consigo abrir um pouco meus olhos, o meio em que me encontro parece tão agitado, não sei se já estou morto ou se apenas sobrevivo, eles correm para me salvar, como fazem com tantos outros ali também, mas não percebem que a vida lhes escapa a cada instante, semelhante as areias da ampulheta que citei no início. E quando o corpo respira, mas na sua alma ainda não habita a vida, ele não mais vive e sim sobrevive nesse solo amaldiçoado, e o amaldiçoa ainda mais.

Um terceiro espasmo me vem.

Estava desiludido, já estava com a certeza que iria me levantar, andar, e esperar a ocasião mais oportuna para minha morte.

Mas me vejo nu, sem vergonha da minha nudez, talvez teria ido para o Éden.

Não tenho certeza ainda.

Mas me percebo sem matéria, sem sentidos, perfeito, flutuando, como outros irmão naquele momento.

Tudo escuro e medonho.

Estou caindo de um penhasco, eterno e isso me mostra bem mais claro que não sou mais filho de Gaia, não sou mais filho da vida e sim filho da morte.

Só espero um dia chegar o fim ...

Só espero não estar caindo no Tártaro.



João Pedro Gomes.






quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Crônicas da Crítica

Acordei assustado, pensei que era apenas um pesadelo, lembro de estar encolhido, devido ao ar condicionado frio, você tinha tomado todo o meu lençol. Levantei, me estiquei um pouco, meu coração ainda pulsava um pouco acelerado por causa do susto, olhei lá pra fora através da janela, parecia estar tudo bem, e então fechei a cortina para o sol não te acordar, te cobri, te dei um beijo e fui até a cozinha preparar alguma coisa pra comer.

A fome era tanta que nem comprei pão, fiz torrada, um pouco de café e mexi um ovos. Sentei a mesa enquanto via o jornal, as notícias passavam como se fosse um lance em minha memória, pareciam um filme em meu subconsciente, um dejavú, eram apenas tragédias, roubalheiras, corrupção ... desliguei a tv, resolvi esperar você acordar observando o céu, adoro admirar o quanto ele é infinito, imagino o que há por trás dele, se estamos seguros ou não, se temos amor lá fora, me perco nisso tudo, me admiro também no infinito dos meus pensamentos.

Um estrondo vem e interrompe minha conexão ao meu subconsciente ( era mais um prédio explodindo ou desabando pelo Rio? ), me limitei apenas em ouvi-lo, mas um filme veio em minha mente, me lembrei da tragédia do Pinheirinho, rezei por todas as almas, pedi a Deus que não voltassemos a 1984.

E o filme se sucedeu.

Tudo veio na minha cabeça, lembrei das pobres almas instaladas na região da luz de São Paulo, essas que serão expurgadas da região sem ao menos terem para onde ir, lembrei dos americanos, que influenciados pelas mega companhias, querem proibir o nosso direito de ir e vir, e eu sinceramente tenho muito medo, querem condensar a pseudoliberdade, o nosso único meio de sermos livres na nossa sociedade eles estão tentando censurar e manipular, assim como a televisão, que era pra ser um mecanismos de expressão e liberdade e agora se torna um mercado. Lembrei também das falcatruas que acontecem pelo país, e que as grandes indústrias da informação fazem questão de nos manterem informados como se fossem amigas do nosso povo, mas isso não mudará em nada, vejo que com denúncias ou não, tudo continua acontecendo.

Mas quem sou eu para falar, sou apenas mais um jovem rebelde, atormentado, sou mais um poeta que precisa de alguma inspiração, mas sinceramente não dá.

Mas bem que minha vó dizia ' o povo brasileiro é um povo acomodado' e vejo que na maioria das moradias desse país todos sabem disso, sabem de tudo de ruim que acontece no poder, pois a mídia faz questão de esfregar isso na cara de todos, mas muitos como a própria, não fazem nada para mudar essa situação e pior acabam se tornando complacentes com o crime. Vejo que nada muda, criminosos, como no caso do mensalão, vão sendo absorvidos devido ao atraso na Justiça Brasileira, e isso talvez, se perdure ao longo da história. Talvez seja isso o dejavú que me atormenta.

Na minha cabeça ouço gritos.

ABAIXO A DITADURA.

Mas me perguntam que ditadura é essa se os militares caíram faz mais de 20 anos.

A ditadura não é mais militar, agora ela se torna financeira e midiática.

Mas quem sou eu para falar, sou apenas mais um jovem rebelde, atormentado, sou mais um poeta que precisa de alguma inspiração, mas sinceramente não dá.

Ultimamente tenho visto as coisas com menos preocupação, tenho me desligado de tudo, vejo que talvez minha contribuição no futuro não seja o suficiente para mudar o país, vejo que talvez nunca seremos um povo feliz, ao menos é claro que tenhamos um belo churrasco com pagode, mulher bonita, cerveja e futebol no final de semana. Vejo isso com clareza na minha mente, esse é o retrato que eu tenho atualmente do meu país.Vejo que se fosse para expressar alguma coisa sobre meu povo falaria o seguinte diálogo que crio na minha cabeça:

- Acho que temos escolher melhor os candidatos que vamos votar .
- Com certeza, se aquele estuprador não tivesse saído antes, votaria para ele sair.
- Aonde ? No senado ?
- Não no BBB.
- Ah é, todo mundo tava falando disso no facebook ontem de noite.
- Todo mundo menos a Luiza que está no Canadá

Eu começo a rir alto, acho tão cómico esse diálogo.

Você chega na varanda me dando bom dia, diz que acabei acordando você com o volume alto dos meus risos, te conto tudo, você passa a rir junto comigo, aquele sorriso lindo, lindo. Você vem me dá um beijo no pescoço, me faz um cafuné, me dá a inspiração que eu preciso. Concluo que nem tudo é tão ruim assim e seu carinho, seu gracejo, seu sorriso e você, me fazem pensar ...

que lá fora ainda aparenta, estar tudo bem.





João Pedro Gomes.



segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Sua essência

Tudo tão frio lá fora. É como se tivessem virado o termômetro de cabeça para baixo, ou como se tivesse começado uma nova era glacial. Mas que se dane. Aqui dentro está tão quente, que começo a suar a cada movimento, nossos movimentos, que se encontram em sincronia, compassados, formando uma linda sequência. Tão louco. Quase como o momento em que me perco em seu beijo, seu carinho. Tudo é tão louco que quando retorno me encontro sem saída, sem dúvida, lúcido, preso a ti.

Tudo tão vazio lá fora, como se o bem tivesse ido embora. Mas que se dane. Aqui está tudo tão cheio, que não existe nenhum espaço de carne vazio, seu sexo se encontra preenchido, e você preenche o vazio existente dentro de mim. Você me dá amor. Tanto que no auge, me perco, enlouqueço, fico movido apenas por impulsos. Choco nossos corpos um contra o outro, me lanço em seu cabelo, quero sentir bem o seu cheiro, quero guardar sua essência, sua essência.

Mas tudo tão barulhento lá fora. Que os pingos da chuva batendo em nossa janela junto com o som da buzina dos carros e os gritos dos motoristas, formam a sinfonia do orquestra metropolitana. Mas que se dane. Aqui dentro está tudo tão calmo, que posso sentir o pulsar do seu coração, o tum tum que não diminui de volume, só acelera e desacelera. Tão calmo, que posso dizer e te escutar de qualquer canto da casa, mas não é preciso, estamos tão próximos que posso falar no seu ouvido, você fica arrepiada, gosto quando você fica assim, seus pelos lisos, sua pele macia, tudo isso me dá um fascínio, seu sorriso que desabrocha quando falo qualquer sacanagem e que termina em minha boca.


E assim vivemos até o pôr-do-sol.

Tudo tão verdadeiro lá fora, como se estivesse acontecendo o cumprimento de uma profecia. Mas que se dane. Aqui dentro está tudo tão falso, tão falso que você parece uma miragem.



João Pedro Gomes

sábado, 21 de janeiro de 2012

Deixar

Estava parado na porta da escola, como era de costume na hora da saída. Ela passou triste. Aquilo me incomodou, me inquietou, me deixou curioso. Fui atrás dela. Ela foi pro ponto de cabeça baixa e ficou por alguns instantes, tempo o suficiente para que eu pudesse a alcançar. Ela deu sinal. Um ônibus dela demorava passar, nem a porra do lugar pra onde ele ia eu conhecia. Fui. Sentei-me do lado dela :

- Oi !
- Quem é você ?
- Somos da mesma escola. Tudo bem com você ?
- Não te interessa.
- Claro que sim.
- Não importa pra você.
- Deixa eu me importar com você.
- Me deixa. Minha vida está um lixo, e você piorando, a cada momento que passa me importunando.
- Me conta. Deixa eu saber mais sobre você.
- Não quero, to muito triste pra desabafar
- Deixa eu cuidar de você.
- Não preciso de cuidados, só que me sinto meio desprotegida.
- Deixa eu te proteger então.
- Por quê você está fazendo isso, te conheci agora, e você já está aqui, me ouvindo como se fosse um velho amigo meu
- Deixe-me ser seu amigo, então.
- Só quero resolver os meus problemas.
- Deixa eu saber quais são.
- O maior deles, é que me sinto sem carinho.
- Deixa eu te envolver então.
- Como ?
- Deixa eu beijar você.
Beijos
-
Deixa eu amar você, então ?

O motorista grita, parem os dois ai de se agarrar que já chegamos em Bonsucesso